sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Sabores sicilianos


Não sei bem sobre o quê escrever. Não vou ter aqui a mesma relação que tive em Puglia, com a cozinha salentina, onde eu pude estar na cozinha, conhecer, conversar, fazer os pratos tradicionais. Aqui sou meramente uma turista olhando as vitrines. E provando o que tem dentro delas...

Por sorte tenho um amigo que me levou para jantar num restaurante pequenininho de frutos do mar. Delicioso. O peixe da Sicília é muito bom e famoso. Pra você ter idéia, o atum pescado nas vizinhanças é mandado para o Japão, para ser comido cru. Aqui, o  atum em conserva é prato chique. Nada de macarrão de desespero com pomarola. É um produto de denominação de origem controlada (DOC). Peixe é parte fundamental da culinária siciliana. Uma iguaria local e que só se encontra aqui é a botarga, ovas de peixe defumada. São fortes, servem para ralar sobre a pasta pronta, como um queijo. Não sei bem como fazem mas é uma coisa compacta, como um salame.  

Os doces sicilianos são famosos em toda a Itália. Os mais populares são aqueles com ricota. Descobri que geralmente são feitos com leite de ovelha e que são melhores no inverno, quando a ricota é mais fresca. Para os italianos são exageradamente doces. Isso porque eles não conhecem o brigadeiro brasileiro. Nada é muito doce para a terra da cana de açúcar. Têm muitos doces com pistache e amêndoas. Dois xodós da produção local. Não sou fã de doce mas estou disposta a provar todos, os famosos canole e cassata já estão aprovados, leves, delicados no sabor, muito bom. Aqui encontrei a pasta para fazer o leite de amêndoas e também de pistache. Já tá na bagagem (que a alfândega não me leia).

O salgado típico é o arancino, um croquete feito com arroz e vários recheios diversos, o mais comum é o de ragu ou de mussarela. Vale por uma refeição. Todo lugar tem, uns mais picantes outros menos. É uma especialidade culinária antiga, remonta ao século X. Tem esse nome porque parece uma laranja (arancia), uma bolota dourada frita!


O mais exótico é o tal do brioche com sorvete (olha eu aí, me adaptando aos costumes locais, um sorvete de creme e outro de pistache) . Fiquei pensando que a matéria prima da casca do sorvete deve ser a mesma do brioche. Mas nada é capaz de acabar com minha surpresa quando vejo alguém passando com aquele sorvete dentro do pão, como se fosse a coisa mais normal do mundo. O tradicional mesmo é com a granita, que é siciliana, influência árabe. É linda, porque é um bloco grande de gelo que o vendedor raspa, coloca num copo e depois joga o xarope do sabor que você escolher. Eu só peço de limão.

A maior surpresa foi o limão siciliano. Sei que agora não é época de limão aqui - apesar de limão não ter mais época -, mas todos que vi até agora são bem diferentes daqueles sempre amarelinhos e bonitinhos do Brasil. Aqui são irregulares, com tons que vão do verde ao amarelo, passando pelo marrom (dá pra acreditar?), mas, claro, saborosíssimos. Quem vê casca, não vê limão.




2 comentários:

  1. Olá Teresa,

    Agora seus relatos criam além de belas imagens muitas vontades!Rsrsrsrs...
    Nada me tira da cabeça que sua odisséia daria um belo livro...
    Paz e muita Luz, sempre...
    Lilian

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  2. Ei Lilian

    que bom que vai bem...quem sabe a cria cresce não é mesmo? mas o futuro não é hoje, e hoje vou dar minha primeira volta em Roma! depois conto como foi.

    Paz e Bem

    Teresa

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